As múltiplas possibilidades de abordagem e inserção de A Estrutura das Revoluções Científicas, presentes neste livro, que ora o leitor tem em mãos, mostram não apenas a riqueza da obra kuhniana, mas também como seu autor influenciou de modo diverso o s diferentes pesquisadores que aqui escrevem. A rigor, neste livro, talvez apenas Paul Hoynigen-Huene pudesse ser chamado propriamente de “kuhniano”, mas todos nós, filósofos e historiadores da ciência, a partir de 1962, fomos impactados por Kuhn. Aqui está a nossa homenagem a ele e aos cinquenta anos de sua obra magistral. Convidamos a todos para discutir conosco a ciência em uma ótica kuhniana.
Nesta obra fundamental, Kuhn, um dos maiores historiadores e filósofos da ciência do século XX, realça alguns traços fundamentais da atividade científica: a inovação e a revolução teóricas, o significado e o alcance da medição, o fenômeno da rejeição e da recepção do conhecimento novo e a natureza da "ciência normal".
Dividido em três partes, O caminho desde A estrutura é o mais completo registro disponível dos novos rumos que Thomas Kuhn estava trilhando durante as últimas duas décadas de sua vida. A primeira parte do livro consiste de ensaios tópicos nos quais o autor refina os conceitos fundamentais elaborados em A estrutura. Na segunda parte, Kuhn responde extensivamente às críticas dirigidas a suas contribuições anteriores. A terceira parte do volume é composta pela transcrição de uma notável entrevista autobiográfica concedida por Kuhn em Atenas, em 1995, menos de um ano antes de sua morte.
Thomas S. Kuhn iniciou sua carreira universitária como físico teórico. As circunstâncias levaram-no ao estudo da história e a preocupações de natureza filosófica. Trajetória incomum, que este livro de certa forma sintetiza e que explica seu caráter polivalente. Múltiplas áreas, desde as exatas até as humanas, convergem para as agudas análises, que levam o autor, questionando dogmas consagrados, a ver o progresso da ciência não tanto como o acúmulo gradativo de novos dados gnosiológicos, e sim como um processo contraditório marcado pelas revoluções do pensamento científico. Tais revoluções são definidas como o momento de desintegração do tradicional numa disciplina, forçando a comunidade de profissionais a ela ligados a reformular o conjunto de compromissos em que se baseia a prática dessa ciência. Um dos aspectos mais interessantes de A Estrutura das Revoluções Científicas é a análise do papel dos fatores exteriores à ciência na erupção desses momentos de crise e transformação do pensamento científico e da prática correspondente.