A figura de Deus é manifesta vigorosamente. Os longos cabelos grisalhos e barba volumosa transmitem a ideia de sabedoria.

Sua vestimenta é representada de maneira fluida, permitindo a observação do corpo jovem e musculoso, como o de Adão. 

Ele levanta o tronco na direção de Deus e apoia o cotovelo em seu joelho, a fim de aproximar-se do gesto divino.

É como se ele acabasse de acordar de um sono profundo, pois podemos perceber seu corpo relaxado e sua feição acomodada.

A propósito, a figura humana é muito bem representada anatomicamente em Adão, completamente nu e tem os músculos à mostra.

Essa maneira de representação do ser humano, valorizando a corporeidade, é característica da arte renascentista.

Aqui, o criador tem o corpo envolvido por um manto vermelho, inflado pelo vento. Muitas figuras angelicais o acompanham, e pode-se dizer que a mulher ao seu lado é Eva, companheira de Adão, que ainda espera nos céus pelo momento de descer à Terra.

Na década de 90, o pesquisador americano Frank Lynn Meshberger encontrou em A criação de Adão enorme semelhança entre o desenho da anatomia cerebral e a figura de Deus com anjos envoltos no manto vermelho.

As imagens são realmente muito similares e, segundo os estudos, Michelangelo representou inclusive algumas partes internas do órgão, como o lobo frontal, nervo ótico, glândula pituitária e o cerebelo.

Essa teoria faz sentido, tendo em vista que Michelangelo era profundo conhecedor de anatomia.

O pensamento que imperava na época, alicerçado pela ideologia humanista e antropocêntrica, também contribui para que essa hipótese seja verdadeira. Nesse período, o homem passa a ser visto como o centro do universo.

Michelangelo parece ter feito uma espécie de "homenagem" à racionalidade humana, representada pelo órgão cerebral.

REFERÊNCIA:

Laura Aldar : https://www.todamateria.com.br/a-criacao-de-adao-michelangelo/